Seminário é marcado por consenso em torno de fomentos

Lideranças empresariais, poder público e entidades da indústria, comércio e agricultura debateram em Rio Verde alternativas para alavancar economia goiana


Rio Verde abriu nesta segunda-feira, 30, o primeiro seminário regional do Movimento em Defesa do Desenvolvimento e dos Empregos, realizado pelo Fórum Empresarial, entidades de trabalhadores e instituições de ensino em municípios considerados polos econômicos regionais. O evento, que tem o propósito de impulsionar o ambiente de negócios e tornar o Estado mais competitivo, foi marcado pela pluralidade de entidades presentes no auditório da Associação Comerciel e Industrial de Rio Verde (Acirv) e pelo consenso em torna da necessidade de fomento estatal para a superação da crise econômica atual. Participaram dos debates mais de 200 lideranças entre representantes do poder público, empresários, sindicatos, federações e centrais de trabalhadores da indústria, comércio e agricultura de praticamente todo o Sudoeste Goiano. 

"A questão é simples: se não houver uma política de atração de investimentos, com a melhora do ambiente de negócios e incentivos, também não haverá desenvolvimento", sintetizou  Antonio Chavaglia, presidente da Comigo, cooperativa responsável pela maior feira agrícola do País, realizada anualmente em Rio Verde. Ele disse que é fundamental para a indústria goiana contar com melhores condições de competitividade e definiu o momento atual como de grande angústia e apreensão tanto para empregadores como para trabalhadores. "Um ambiente sem diálogo com o setor produtivo não somente impede a chegada de quem quer investir em Goiás, mas também afugenta quem já está aqui."

Presidente da FTIEG, que representa a classe trabalhadora industrial de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, Pedro Luiz Vicznevski usou uma metáfora do campo para definir o contexto de insegurança jurídica com relação às políticas de desenvolvimento. "Um peão lá na roça me ensinou que não é gritando 'xô' para as galinhas que você as leva para onde você quer. É jogando o milho no seu pé que elas vêm." De acordo com ele, a preocupação agora é com a manutenção dos empregos e o cenário de crise econômica nacional agrava as perspectivas locais.

Queda histórica
Secretário-executivo da Adial, Edival Portilho, o Chequinho, apresentou um estudo econômico comprovando, com números oficiais, a queda histórica da indústria goiana a partir da soma de crise econômica, aumento da carga tributária e dos ataques à política de incentivos fiscais. Para ele, é nítida a urgência de uma força-tarefa de desburocratização com ênfase na concessão de fomentos e desburocratização de licenciamentos ambientais para projetos que demandam contratação intensa de mão de obra.

"O melhor programa social é o emprego", defendeu o presidente da Adial, Otávio Lage Filho. Ex-prefeito de Goianésia e sócio de uma usina sucroalcooleira, ele utilizou o seu próprio exemplo para ilustrar a importância social das políticas de incentivo fiscal. Em um prazo de 10 anos, a sua empresa recebeu R$ 280 milhões em fomentos. No mesmo período, pagou R$ 290 milhões em impostos e aportou R$ 1,4 bilhão em investimentos. Os recursos empregados em fornecedores e benefícios como planos de saúde aos funcionários somaram outros R$ 2,7 bilhões.

"O mais importante", definiu Otávio, "é que este é um movimento pró. Não é um movimento contra. É pelo desenvolvimento de Goiás." Segundo o presidente da Adial, a relevância do Movimento, inédito em Goiás, é unir empresários, trabalhadores, entidades de classe e universidades na formulação de propostas que serão apresentadas ao Governo de Goiás para contribuir com um plano de desenvolvimento. Os próximos seminários serão realizados em Anápolis, Catalão, Goianésia e Itumbiara. A última etapa será um grande evento em Goiânia em novembro, quando será fechada a carta de propostas para o Estado.

Credibilidade
"O que me atraiu para participar do Movimento em Defesa do Desenvolvimento e dos Empregos foi a credibilidade dos envolvidos." As palavras são de Edward Madureira, reitor da UFG, que participou do seminário em Rio Verde. "Desde o último dia 20, quando o movimento foi lançado em Goiânia, eu me tornei um entusiasta porque sei que será um divisor de águas no desenvolvimento do Estado."

Madureira corroborou o discurso do presidente da Adial sobre a natureza propositiva do movimento . "Ele quebra a dicotomia. Ao invés de dividir, ele promove a aglutinação de ideias e a soma de esforços que tanto precisamos para avançar." O reitor da Universidade de Rio Verde, Sebastião Lázaro Pereira, o Tatão, ressaltou a contribuição da academia para a qualidade das propostas.

O diretor do IFGoiano, Alaerson Geraldine, que também participou do evento, enfatizou o papel da tecnologia e da inovação no projeto. Ele lembrou que um Parque Tecnológico está sendo criado em Rio Verde, numa parceria entre o IFGoiano e a Prefeitura de Rio Verde. "Temos todo um ecossistema para crescer muito mais no cenário nacional."

A maioria dos oradores lembraram que o fato dos seminários terem iniciado por Rio Verde tem um simbolismo pela pujança do município, um dos mais desenvolvidos de Goiás e que conta com uma agroindústria muito forte. As propostas e dados levantados junto às lideranças locais serão utilizados como base para as propostas de desenvolvimento regional que serão apresentados posteriormente à toda sociedade.

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