
Dentro da mente de um assassino: os crimes de Rildo Soares em Rio Verde (GO)
Investigado por mais de 15 crimes, Rildo Soares é acusado de feminicídios, estupros e ocultação de cadáver em série de ataques que chocaram o sudoeste goiano.
RIO VERDE (GO) — Quando Rildo Soares dos Santos chegou a Rio Verde, em janeiro de 2025, ninguém imaginava que aquele homem calado, de 33 anos, vindo da Bahia, esconderia um dos perfis mais sombrios já vistos na história criminal de Goiás. Vestido com um uniforme de gari, ele caminhava pelas ruas da cidade durante a madrugada. Mas não estava ali para trabalhar. Estava à caça.
Um predador silencioso
Rildo se instalou no bairro Popular, uma região periférica de Rio Verde. Ali, ele começou a construir uma rotina discreta, quase invisível. Mas por trás da fachada de tranquilidade, escondia-se um padrão de violência meticuloso e perturbador. Em poucos meses, a cidade começou a registrar uma sequência de crimes brutais: mulheres desaparecidas, corpos encontrados em terrenos baldios, sinais de violência extrema e, em muitos casos, fogo usado para apagar vestígios.
A Polícia Civil começou a ligar os pontos. As vítimas tinham perfis semelhantes: mulheres em situação de vulnerabilidade, muitas delas em situação de rua ou dependentes químicas. Os crimes ocorriam sempre de madrugada, em locais isolados, e com um padrão que se repetia — pancadas na cabeça, violência sexual e, por vezes, incêndio nos corpos.
A prisão e a revelação
No dia 12 de setembro de 2025, Rildo foi preso em flagrante. Ele havia retornado à cena de um dos crimes, observando o trabalho da perícia com frieza. A polícia já o monitorava e, ao abordá-lo, encontrou provas que o ligavam diretamente ao assassinato de Elisângela Silva de Sousa. Na casa dele, foram encontrados objetos pessoais de vítimas, como bolsas, bonecas e facas.
A partir daí, a teia de crimes começou a se desenrolar. Rildo confessou três feminicídios: além de Elisângela, também Monara Pires Gouveia de Moraes e Alexânia Hermógenes Carneiro. Mas as investigações apontam para um número muito maior de vítimas.
A linha do tempo do terror
A polícia divulgou uma cronologia dos crimes atribuídos a Rildo:
01/03/2025 – Estupro e tentativa de feminicídio
04/05/2025 – Desaparecimento
10/05/2025 – Roubo, furto de veículo e incêndio
07/07/2025 – Feminicídio
29/08/2025 – Feminicídio e desaparecimento
07/09/2025 – Latrocínio
12/09/2025 – Feminicídio (prisão em flagrante)
Além disso, ele é investigado por três estupros, dois desaparecimentos, um latrocínio, e crimes semelhantes na Bahia, onde teria cometido dois homicídios e um estupro antes de se mudar para Goiás.
O perfil psicológico
Segundo o delegado Adelson Candeo, Rildo apresenta todos os traços de um serial killer organizado: ele planejava os ataques, escolhia vítimas específicas, usava disfarces e retornava às cenas do crime. O uso de fogo, a coleta de objetos das vítimas e a frieza com que descrevia os assassinatos indicam sadismo, narcisismo e ausência total de empatia.
O psicólogo criminal Dr. Eduardo Martins explica:
“Rildo é o típico predador social. Ele não mata por impulso, mas por prazer. O uniforme de gari era sua camuflagem. Ele se escondia à vista de todos. O retorno à cena do crime é um comportamento comum entre serial killers que desejam reviver o momento do assassinato. Isso os alimenta emocionalmente.”
Comparações inevitáveis
O caso de Rildo Soares já é comparado a outros nomes que marcaram o Brasil:
Tiago Henrique Gomes da Rocha, também de Goiás, condenado por 39 assassinatos.
Francisco das Chagas, que matou mais de 40 meninos no Maranhão e Pará.
Lázaro Barbosa, cuja fuga e crimes em 2021 mobilizaram o país.
Mas Rildo tem um diferencial: a escolha de vítimas invisíveis para a sociedade, o uso de disfarces e a frieza com que se misturava à rotina da cidade.
Um alerta para o Brasil
Hoje, Rildo está preso na Casa de Prisão Provisória de Rio Verde, enquanto a polícia continua investigando possíveis novas vítimas. O caso levanta um alerta: serial killers não são apenas personagens de filmes ou grandes centros urbanos. Eles podem estar em cidades médias, camuflados pela rotina, pela aparência de normalidade e pela indiferença social.
A história de Rildo Soares é um lembrete brutal de que o mal, às vezes, veste uniforme e caminha entre nós.