Rio Verde: mercado imobiliário em expansão ou risco de bolha?

Possível bolha imobiliária em Rio Verde (GO) preocupa investidores: sobreoferta, reforma tributária, alta da TR e imóveis em leilão acendem alerta


RIO VERDE (GO) – O mercado imobiliário da cidade está em ritmo acelerado, com diversos lançamentos residenciais e comerciais em andamento. Segundo especialistas, o cenário atual exige atenção redobrada. A combinação de excesso de oferta, mudanças tributárias, alta da Taxa Referencial (TR) e o aumento de imóveis em leilão por inadimplência pode indicar riscos crescentes para investidores.

 

Reforma tributária vai impactar diretamente o setor imobiliário

A partir de 2026, entra em vigor a nova reforma tributária, que altera a forma como imóveis são tributados no Brasil. Com a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), operações de compra, venda e locação de imóveis passarão a ser tributadas de forma diferente.

 

Investidores com mais de três imóveis alugados e receita anual superior a R$ 240 mil serão diretamente afetados, enfrentando uma carga tributária maior. Empresas e investidores profissionais também devem se preparar para uma possível redução na rentabilidade dos ativos imobiliários.

 

Além disso, o novo Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB) vai centralizar informações dos imóveis, ampliando a fiscalização e dificultando a evasão tributária.

 

Comprar imóvel na planta em Rio Verde: vale o risco?

A compra de imóveis na planta, bastante comum em Rio Verde, exige cautela. Os principais riscos incluem:

 

  • Atrasos na entrega por questões financeiras ou burocráticas;
  • Desvalorização em caso de saturação do mercado;
  • Inadimplência da construtora, que pode paralisar ou abandonar a obra;
  • Mudanças tributárias, que elevam o custo final;
  • Custos extras com impostos, taxas de condomínio e cartório.

 

Segundo especialistas, o comprador precisa estar ciente dos riscos jurídicos, financeiros e de mercado, especialmente em um cenário de instabilidade.

 

Alta da TR encarece financiamentos imobiliários

A Taxa Referencial (TR), que estava zerada desde 2017, voltou a subir em 2025, atingindo 0,17% em setembro. Embora pareça pequena, essa alta já impacta os contratos de financiamento imobiliário, especialmente os vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH).

 

A TR é usada para corrigir parcelas. Com a alta, mesmo discreta, o custo total do financiamento aumenta. Por exemplo, um contrato com juros de 8% ao ano + TR passa a ter um custo efetivo de 8,17%, o que representa milhares de reais a mais em financiamentos de longo prazo.

 

Imóveis em leilão crescem em Rio Verde: sinal de alerta

O número de imóveis indo a leilão por inadimplência aumentou 25% em 2025, segundo dados da Associação Brasileira dos Arrematantes de Imóveis (Abraim). A Caixa Econômica Federal, responsável por 70% do mercado, quintuplicou os imóveis leiloados: de 9 mil em 2022 para 47 mil em 2024.

 

Esse crescimento reflete o aumento da inadimplência, agravado pela Selic em 15%, que encarece o crédito e dificulta o pagamento das parcelas.

 

Dificuldade para alugar imóveis recém-adquiridos

Investidores locais relatam dificuldades para alugar imóveis comprados na planta. Mesmo oferecendo valores abaixo do mercado, muitos enfrentam concorrência elevada e baixa demanda, o que compromete a rentabilidade esperada.

 

Selic alta torna renda fixa mais atrativa que imóveis?

Com a Selic em 15%, aplicações como Tesouro Direto, CDBs e fundos DI oferecem retornos elevados, com menor risco e maior liquidez. Para muitos investidores, a renda fixa se tornou mais vantajosa do que o mercado imobiliário.

 

Especialistas recomendam diversificação de ativos e análise criteriosa antes de comprometer capital em imóveis neste cenário.

 

Corretora defende otimismo: “Rio Verde é uma cidade rica e imune a crises”

Apesar dos alertas, profissionais do setor imobiliário local têm uma visão diferente. Uma corretora de uma das maiores imobiliárias da cidade, que preferiu não ser identificada, afirma que não há risco de bolha e que o momento é ideal para quem deseja investir:

 

“Rio Verde está em plena expansão. A cidade cresce em ritmo acelerado, com demanda constante por moradia e comércio. Os lançamentos estão sendo absorvidos pelo mercado e os preços ainda estão acessíveis. Para quem quer investir, este é o melhor momento.”

 

Ela também destaca uma tendência que deve impactar os próximos lançamentos:

 

“Os imóveis novos devem vir com metragem mais compacta, justamente para reduzir o custo final e facilitar o acesso ao crédito. Isso vai permitir que mais pessoas entrem no mercado, mesmo com juros altos.”

 

E conclui com uma visão otimista sobre o futuro da cidade:

 

“Rio Verde é uma cidade muito rica, com uma economia sólida e diversificada. O agronegócio, a indústria e o comércio local garantem estabilidade. Aqui, mesmo em momentos de crise nacional, o mercado se mantém aquecido. É uma cidade praticamente imune a crises.”

 

 

Investir em imóveis em Rio Verde em 2025: é o melhor momento?

O mercado imobiliário de Rio Verde está aquecido, mas os sinais de alerta são evidentes: sobreoferta, novos impostos, alta da TR, explosão de leilões e dificuldade de locação. Por outro lado, profissionais do setor defendem que a cidade vive um ciclo de crescimento sustentável e que o momento é ideal para investir.

 

A decisão exige planejamento financeiro, análise de risco e diversificação de investimentos.

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