Retorno de Conan a Marvel traz, também, o espírito do personagem

Bárbaro criado na década de 1930 se mantém interessante para velhos e novos leitores


O retorno do personagem Conan a Marvel foi muito feliz. O personagem que desde 2000 passou pela Dark Horse Comics e a Dynamite, no ano passado passou a integrar os quadros da Casa das Ideias e, neste ano, voltou as páginas da banda desenhada. 

“Conan — O Bárbaro #1” (a HQ será mensal) chegou por aqui em junho, pela Panini, mas só em agosto apareceu nas bancas goianas. O primeiro arco da volta do personagem criado pelo escritor Robert E. Howard como terror fantástico em literatura no comecinho do século XX — por acaso, ele era correspondente e amigo de outro mestre do horror, H.P. Lovecraft — é “O Horror da Feiticeira Rubra”.

História
Na trama, vemos a breve introdução ao nascimento do herói, sua juventude de gladiador e seu futuro como rei. “As viagens de Conan o levaram aos confins do desconhecido desde seu nascimento na Ciméria até a conquista do reino da Aquilônia e tudo o que houve em meio a esses fatos. À medida que sua destreza em combate permite que ele abra seu caminho pela vida, as forças da morte também são atraídas”, revela [sem revelar muito] a sinopse da primeira parte da saga.

Esta história, feita em 30 páginas a cores, tem o roteiro de Jason Aaron, conhecida pela aclamada “Escalpo”, além de trabalhos como “Wolverine” e mais; e arte de Mahmud A. Astar, um verdadeiro talento que só ganha com as cores de Matthew Wilson. A capa de Esad Ribic é digna de… Conan (as velhas histórias do bárbaro cimeriano sempre foram belíssimas).

Detalhes
A obra começa com o bárbaro nascendo em um campo de batalha, em meio ao frio, com sua própria mãe cortando seu cordão umbilical. Em uma página, a primeira parte da vida do personagem é resumida e, após isso, já se dá um salto para o futuro, com o “rei Conan” em seu trono, com uma coroa “sob sua cabeça preocupada” (lembra dos filmes com Arnold Schwarzenegger? Essa frase encerrava o primeiro).

Logo em seguida já migramos para a juventude do bárbaro, que luta em arenas de Zamora, a cidade dos ladrões, por dinheiro após ter sido ladrão e saqueador. Aqui a história já mostra a que veio em meio a cenas de ação, narração e pouca paciência nos diálogos do protagonista — que teve que arranjar uma outra espada, pois na noite anterior foi roubado após adormecer embriagado.


Esta trama, que se inicia com o pé direito, traz elementos que fazem de Conan um dos grandes personagens que têm sobrevivido ao tempo. Ele não é um herói, mas um bárbaro mal educado, violento, com uma série de desvios morais e, claro, mulherengo.

E é sua “virilidade” excessiva que o coloca em seu primeiro perigo. Após sair vitorioso da arena, ele se envolve com uma mulher muito mais perigosa do que ele jamais poderia imaginar. A história ainda faz “viagens” no tempo e deixa um belo gancho para a continuação, mas para uma primeira edição já mostra a que veio e desperta o interesse de novos leitores e, também, dos velhos.

A expectativa é que tenhamos, de fato, um belo retorno do personagem. Que esta nova saga nos leve a rememorar aos grandes momentos, como aqueles em que passaram os artistas John Buscema, Roy Thomas e Barry Windsor-Smith, John Buscema, Alfredo Alcala, mais recentemente (2003) Kurt Busiek e Cary Nord, e mais.

Robert E. Howard, o “pai” de Conan
O personagem Conan é “filho” do escritor Robert E. Howard e apareceu pela primeira vez em 1932, na Weird Tales. A primeira história do personagem foi “A Fênix na Espada”, seguida por “A Torre do Elefante”.

Em 1936, o autor cometeu suicídio, mas na época, deixou 21 histórias completas do personagem – quatro delas ainda não publicadas. Ele nasceu em 22 de Janeiro de 1906, em Peaster, Texas.

A histórias do bárbaro ocorrem em um período pseudo-histórico conhecido como “Era Hiboriana”. Este se passa logo após a destruição de Atlântida, mas antes do surgimento de algumas das civilizações já conhecidas.

Cinema
Além de publicações literárias, o personagem, que tem teve várias fases nos quadrinhos, desde os anos 1970 (alguns não oficiais saíram antes), também apareceu na sétima arte.

No cinema: “Conan, o Bárbaro” (1982) e “Conan, o Destruidor” (1984), que tiveram Swcharzenegger no papel principal, e “Conan, o Bárbaro” (2011), com Jason Momoa.

Uma curiosidade é que existe um filme chamado “Guerreiros de Fogo” (“Red Sonja”), de 1985, que também traz Arnold como o personagem, mas coadjuvante da guerreira Sonja (também criação de Robert E. Howard para a Era Hiboriana). Porém, por problemas contratuais, Conan virou Kalidor.

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