Transtorno Obsessivo Compulsivo - Minhas manias podem ser uma doença?

Cerca de 4% da população mundial sofre de transtorno obsessivo compulsivo. Podemos ter uma mania ou outra, mas quando elas começam a afetar a vida pessoal e profissional são consideradas doença.


De 6 a 17 anos. Esse é o tempo médio que uma pessoa com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) demora pra procurar ajuda. Boa parte de quem tem o problema sofre em silêncio, com vergonha de expor suas manias e compulsões. Manias das mais variadas: tem gente que só sai de casa depois de se certificar várias vezes se desligou o gás ou trancou todas as portas; há quem fique ansioso por ver a casa por limpar, e não conseguem realizar nenhuma outra atividade se esta tarefa estiver por fazer, ficam longos períodos limpando, e gastam grandes quantidades de produtos de limpeza. Há ainda aqueles que precisam dispor certos objetos simetricamente lado a lado, e os que tem mania de organização, mesmo que esta tarefa lhe tome um bom tempo; e há também os que tem pavor de ser contaminados por uma bactéria superpoderosa, por isso, lavam as mãos repetida e constantemente, muitos chegam a ferir as mãos de tanto esfregar. Esses são apenas alguns exemplos. Em comum, todos sentem uma ansiedade muito grande caso não executem determinada tarefa, pensando que algo terrível pode acontecer se não o fizerem. É uma necessidade que se transforma em prisão. Tem quem se isole em casa por conta da doença.

O TOC atinge homens e mulheres em igual proporção e ainda não há uma causa estabelecida. Vários fatores podem levar alguém a desenvolver o transtorno: hereditariedade, situações de estresse; fatores neurobioquimicos, infecção por estreptococos (o tipo mais comum é a de garganta); alterações hormonais durante a gravidez ou após o parto. Crianças também podem ter TOC e se elas forem diagnosticadas e tratadas precocemente, o risco de recaídas diminui muito na fase adulta. Isso porque esse é um transtorno que demanda atenção durante toda a vida. É difícil falar em cura, mas, sim, em controle.

O tratamento é feito com psicólogos, por meio da terapia cognitivo-comportamental e com psiquiatra, pelo uso de medicamentos que regulam a atividade de neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina e dopamina, responsáveis, entre outras coisas, pela regulação do humor e também do apetite. A prática de uma atividade física também ajuda, já que auxilia na redução da ansiedade. Esse pacote de medidas tem um efeito libertador para a maior parte dos pacientes, já que podem finalmente, experimentar a vida com menos amarras.

*Texto extraído do artigo “Transtorno Obsessivo Compulsivo” escrito pela psicóloga Kátia Beal, publicado na Revista Clínica e Instituição da UFU – Universidade Federal de Uberlândia – MG (2010).

Dúvidas? Envie e-mail para nossa colunista, a psicóloga Kátia Beal katiabeal@gmail.com

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