Alimentos para cães e gatos

A veterinária Mariana Paz Rodrigues traz dicas de como cuidar de seus bichinhos de estimação


Cães e gatos são animais que têm carências nutricionais diferentes das nossas, por isso sua dieta deve ser direcionada a atender essas necessidades. Quando alimentamos os cães com comida caseira, na grande maioria das vezes (quase sempre), não promovemos uma nutrição adequada. A taxa mínima recomendada de proteína para cães adultos é 18%, mas o mais adequado é procurar alimentos que ofereçam a partir de 22% do nutriente.É bom lembrar também que nem sempre quantidade é equivalente a qualidade. O dono deve ficar de olho não apenas na porcentagem de proteína encontrada no produto, mas também na sua fonte.

Os primeiros alimentos industrializados que surgiram no Brasil, na década de 70, foram os produtos atualmente chamados de linha de combate ou econômica. Embora já existam há bastante tempo, ainda hoje conservam as mesmas características: níveis nutricionais mínimos, ingredientes de baixo custo e qualidade, formulação variável (o que significa que na ausência de um dos ingredientes, ou na inflação de seu preço, os fabricantes substituem por outro de qualidade próxima, podendo ocasionar diarréias e além de má digestão do alimento) e fontes vegetais de proteína e gordura.São produtos mais baratos que existem no comércio. Normalmente, formuladas com subprodutos de milho, soja, farelo de algodão, etc. e como nosso amigo é um carnívoro e precisa de proteína de origem animal, pronta a ser assimilada pelo seu organismo, essas rações acabam deixando a desejar do aspecto nutricional. A linha de combate é comercializada principalmente em canais não especializados a preços extremamente acessíveis. No entanto são alimentos de baixa densidade nutricional obrigando assim o animal a ingerir uma grande quantidade para se sentir saciado e assim receber o mínimo de nutrientes necessários através do produto o que torna a relação custo/benefício desvantajosa.

Na década de 80 apareceram produtos mais elaborados, chamados de alimentos do tipoPremium, com níveis nutricionais superiores aos produtos de combate, mais palatáveis (mais sabor) e com controle de qualidade e matéria prima um pouco mais rigoroso. Porém, segue a mesma filosofia nutricional de formulação variável e utilização da maior parte de ingredientes de origem vegetal. Além disso, acrescentaram diferenciais como corantes e aromas “culinários” artificiais além de formatos que buscavam unicamente agradar aos olhos dos proprietários de cães e gatos, sem agregar valor nutricional algum ao alimento.

Os alimentos Super Premium são originários na década de 90 no Brasil. Apresentam os avanços nutricionais mais recentes e tecnologia de produção moderna, agregando ingredientes de alta qualidade além de suplementos nutricionais que a longo prazo oferecem maior qualidade de vida ao animal e conseqüentemente, maior longevidade. Adigestibilidade é maior e o consumo diário de é menor (o que ameniza o preço da ração). Promovem, ainda, uma vida mais saudável e reduzem o volume das fezes do animal. São vendidos em sua maioria, em canais especializados (clínicas veterinárias, pet shops e casas de rações), apresentam valor nutricional e focam na qualidade dos ingredientes e performance dos animais nos diversos estágios de vida. Os alimentos Super Premium apresentam custo benefício melhor, proporcionam alta digestibilidade e densidade energética permitindo alta qualidade e nutricional além de uma menor ingestão de alimento. Além disso, reduzem o risco do aparecimento de doenças nutricionais no decorrer da vida de cães e gatos.Alimentos Super Premium apresentam níveis nutricionais mais elevados, atendendo não somente aos requerimentos nutricionais mínimos estabelecidos pelo Conselho de Nutrição Animal do NRC (NationalResearchCouncil) e AAFCO(Associationof American FeedControlOfficials), como também estados fisiológicos mais exigentes, tais como reprodução, treinamento e recuperação de estados patológicos de cães e gatos. Os níveis nutricionais ótimos devem estar em equilíbrio entre os níveis mínimos e máximos apresentados pela AAFCO. Esses níveis são determinados por pesquisas “in vivo”, que buscam condições ótimas de pelagem, desenvolvimento de musculatura e, principalmente, otimização de performance na reprodução e no sistema imunológico.Um produto superpremium utiliza maior quantidade de pedaços de carne ou frango e não utiliza proteína vegetal em sua fórmula, o que facilita a digestão e absorção de nutrientes. Os produtos utilizam conservantes naturais e não contêm corantes e palatabilizantes.

Dentro do grupo das linhas premium esuperpremium existem algumas subdivisões, como as para raças, idades e portes específicos e ainda as terapêuticas.Escolher uma ração de acordo com o porte do animal bem como sua idade é fundamental. Isso porque cães filhotes, adultos e idosos exigem necessidades diferentes.Um quarto grupo de rações pode ser citado, as rações terapêuticas. Têm indicação clínica sendo auxiliares no tratamento de diversas enfermidades. Seu uso deve obedecer aos critérios do Médico Veterinário responsável pelo cão.

O alimento úmido é tão completo quanto o seco, o que muda basicamente é a sua quantidade de água. Como os ingredientes estão diluídos com água, é necessário dar uma quantidade maior para equivaler à mesma quantidade que o pet comeria da ração seca. Além dessas possibilidades de rações comerciais, já estão hoje em funcionamento no Brasil, empresas que se dedicam à formulação e preparação de “alimentos caseiros” totalmente balanceados para atender às exigências nutricionais de animais de paladar exigente e donos que não se adaptam ao fornecimento exclusivo de ração, o que é uma opção inteligente e agradável de se oferecer ao pet.

Outro cuidado que deve ser levado em conta é a higiene bucal dos pets caso a ração úmida ou alimentação “caseira” seja utilizada, pois além do seu papel nutricional, a ração seca ajuda também na preservação da saúde bucal onde a mastigação e atrito auxiliam a limpar os dentes dos cães e gatos, retirando sujidades, tártaro e consequentemente o mau hálito e ainda, massageando as gengivas.

Como consumidor, para saber se a ração é de alta digestibilidadebasta analisar na embalagem os ingredientes que compõem a ração. As fontes proteicas devem ser de origem animal (carne de frango, carne de peru, digestas de frango, carne de ovelha, ovos, etc.). E as fontes de gordura também, ou pelo menos óleos vegetais nobres como, por exemplo, óleo de linhaça. Fontes proteicas vegetais como soja e glúten não têm alta digestibilidade. O que pode aumentar a digestibilidade da ração é a presença de fibras de moderada fermentação (por ex., polpa de beterraba branca), que aumenta a eficiência absortiva dos enterócitos (células do intestino). Outros ingredientes que melhoram a digestibilidade são os F.O.S. (fruto oligo sacarídeos), que alimentam a microbiota intestinal, ou seja, beneficiam o crescimento de "boas bactérias" no intestino, o que leva a uma melhor fermentação do bolo alimentar. Resumindo, quando compramos uma ração, devemos estar atentos aos níveis de garantia (percentuais de proteína, gordura, etc. ) e a qualidade dos ingredientes.

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