Após novo pico, transmissões voltam a cair em Rio Verde, aponta UFG

Especialista aponta queda nos casos a partir do próximo mês


“As pessoas precisam entender que essas novas ondas acontecem, estamos vendo isso em vários locais do mundo. Isto acontece em locais em que a epidemia estava bem controlada e volta a crescer.” A avaliação é do pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG) Alexandre F. Diniz Filho. Nesta entrevista, ele fala sobre uma segunda onda de transmissões da Covid-19 em Rio Verde e prevê queda do número de casos a partir do próximo mês. 

1)Na sua avaliação como Rio Verde enfrentou o coronavírus até agora?
Rio Verde passou por momentos difíceis em relação ao COVID-19, quando houve o primeiro surto em maio/junho, com um crescimento muito grande no número de casos e, consequentemente, no número de óbitos. Mas entendemos que houve um esforço muito bem articulado por parte da prefeitura e da sociedade como um todo para controlar a epidemia e isso apareceu claramente nos dados e nas análises que nosso grupo da UFG realizou até julho. 

2)A taxa de transmissão controlada (Rt) foi um critério seguro para a reabertura do comércio? A taxa de transmissão hoje em Rio Verde está perto do ideal?
Sim, pelas nossas análises a epidemia estava bem controlada em Rio Verde no final de julho, com valores de Re menores do que 1,0 e clara diminuição no número de hospitalizações e de óbitos. O valor de Re atualmente continua menor do 1,0 (em torno de 0,8 – 0,9, talvez um pouco menos, pelas nossas estimativas mais recentes). Entretanto, a COVID-19 é realmente difícil de controlar e, em geral, o que vemos na maior parte dos lugares é que quando há uma flexibilização das atividades e as pessoas relaxam em relação ao isolamento e distanciamento social a epidemia volta a crescer. É preciso estar sempre atentos.

3)A mais recente atualização das projeções da expansão da Covid-19 em Rio Verde aponta que ocorreu uma segunda onda da expansão da doença e projeta uma redução no número de óbitos a partir de setembro. O que pode confirmar ou não essas projeções?
Quando fizemos as análises da situação em Rio Verde em julho mostramos que a epidemia estava claramente diminuindo e projetamos que praticamente acabaria em setembro. Propusemos 3 “pontos de checagem”, com base no número acumulado de óbitos, que a prefeitura poderia utilizar para monitorar a redução da epidemia e verificar se a trajetória de estabilização e controle efetiva estava realmente se efetivando. Entretanto, a partir de meados de agosto o número de óbitos, que estava muito baixo (chegou-se a um mínimo de 6 na semana epidemiológica 31, última semana de julho) começou a crescer novamente. A Secretaria Municipal nos alertou do desvio e começamos a investigar, percebendo um novo “pico” de transmissões no final de julho/início de agosto, que mudou a trajetória da curva de óbitos. Como a situação estava sob controle e voltou a crescer, fica bem claro que é uma segunda onda, resultante desse novo pico de transmissões. Mas depois desse novo pico o número de transmissões já voltou a diminuir e está abaixo de 1,0, de modo que devemos começar a ver uma nova redução nos indicadores a partir do próximo mês. Mas é preciso manter o controle e as pessoas precisam entender que essas novas ondas acontecem, estamos vendo isso em vários locais do mundo e no Brasil. Na verdade só conseguimos detectar um nova onda justamente em locais em que a epidemia estava bem controlada e volta a crescer (na maior parte dos lugares o que vemos é um crescimento mais ou menos continuo, com altos e baixos, como se várias ondas e surtos tivessem sempre se sobrepondo).

Compartilhe

Comente: Após novo pico, transmissões voltam a cair em Rio Verde, aponta UFG