Major suspeito de sequestro e estupro em Rio Verde já respondeu por tortura

Ele teria espancado um entregador de gá flagrado consumindo crack


O policial militar Cristiano Silva de Macena, principal suspeito de ter estuprado duas meninas de 11 e 12 anos na madrugada do dia 22/10, em Rio Verde, já foi acusado de envolvimento, junto com outros colegas de farda, em um crime de tortura ocorrido há mais de 10 anos. O major da PM havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por ter, segundo o órgão, torturado até a morte com choques elétricos e espancamento um entregador de gás flagrado consumindo crack, em Goiânia.

 

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O caso aconteceu na noite de 11 de fevereiro de 2008 na Borracharia Serra Dourada, localizada no bairro Jardim Goiás, quando, segundo a denúncia, Macena e outros 16 policiais militares abordaram cinco pessoas que consumiam crack no local e passaram a usar técnicas de tortura para fazê-los passar informações sobre o fornecedor do entorpecente.

Conforme o MPF, ao constatarem indícios de drogas, os militares, incluindo Macena, ordenaram que as cinco pessoas se deitassem no chão. A partir daí, teve início uma sessão de espancamento. Em um dado momento, o entregador de gás Célio Roberto Ferreira de Sousa, de 26 anos, que estava entre os abordados, foi levado para um local reservado da borracharia.

De acordo com o depoimento da namorada de Célio, que estava com ele quando tudo aconteceu, era possível ouvir “os gritos dele no instante em que era submetido a pancadas, choques elétricos, pauladas e golpes diversos”. A denúncia do MPF dá conta que os militares encharcaram um colchão com água e, deitando o rapaz nele, passaram a lhe dar descargas elétricas.

As testemunhas relataram que a vítima contou aos policiais que tinha problemas no coração e não sobreviveria aos choques, mas eles continuaram. Veja abaixo um trecho da denúncia:

“De acordo com o Termo de Declaração de * , a vítima Célio, na ocasião, informou aos policiais militares que tinha problemas de coração e que não suportaria, portanto, receber choques elétricos. A doença cardíaca de Célio também foi confirmada por * durante a investigação levada a efeito pela Corregedoria da PM. Contudo, mesmo conhecendo tal informação sobre a saúde de Célio, os policiais militares continuaram a torturá-lo, com a utilização de choques elétricos aplicados no instante em que ele se achava num colchão adredemente molhado com o fito de ampliar os efeitos da corrente”.

Testemunha foi executada dias antes de prestar depoimento sobre o caso
O MPF explicou na época que não era possível determinar com maior precisão cada ato de violência praticado individualmente pelos denunciados, 17 policiais ao todo. Porém, para os procuradores, se comprovou que “todo eles estavam presente na cena do crime, de forma consciente e voluntária, e, desta maneira, concorreram, quando não por ação, ao menos por omissão penalmente relevante para a consecução do resultado, considerando o dever de ofício de proteger as vítimas”.

A namorada de Célio e outra testemunha estão vivas. Já as outras duas testemunhas, Deusimar Alves Monteiro e Almiro Martins Miranda, foram mortas em ocasiões distintas. Miranda foi executado em 2011, em um espetinho próximo da borracharia onde tudo aconteceu. Já Deusimar foi morto no estado do Pará, três dias antes de prestar depoimento sobre o caso.

Célio Roberto Ferreira de Sousa morreu em decorrência das sessões de tortura. Seu corpo nunca foi encontrado. Cristiano Silva de Macena e os demais policiais foram denunciados pelo crime de tortura e ocultação de cadáver. Entretanto, foram absolvidos em outubro de 2018 por falta de provas.

No sistema do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) continua tramitando no âmbito da justiça militar uma ação penal envolvendo 12 policiais que teriam participado da tortura, incluindo Cristiano. Neste caso, não consta cinco vítimas, mas somente Célio e outro homem.

Dia Online

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