Goiás começa a perder investimentos e empregos

O presidente da Adial cita dois grandes grupos empresariais que anunciaram recentemente investimentos em outros Estados, embora tenham plantas industriais em Goiás


A insegurança jurídica quanto aos incentivos fiscais em Goiás tem levado indústrias a decidirem por transferir parte da sua produção para outros Estados. Este movimento pode se intensificar nos próximos meses, alerta o presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Otávio Lage Siqueira Filho. “Isto é fato e começa a ser percebido com maior frequência nas últimas semanas. É preciso muito bom senso sobre este assunto para não se criar sérios entraves ao investimento privado em Goiás”, diz.

 

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O presidente da Adial cita dois grandes grupos empresariais que anunciaram recentemente investimentos em outros Estados, embora tenham plantas industriais em Goiás: a montadora Caoa, que comprou por R$ 1 bilhão a fábrica da Ford em São Paulo para produzir veículos da marca chinesa Chery, embora tenha uma fábrica com capacidade para isto em Anápolis; e a Piracanjuba, que investirá mais de R$ 100 milhões para produzir no Paraná. “Estes são alguns exemplos da transferência de investimentos para outros Estados que já começou e pode ser intensificada, a depender da segurança que as empresas terão em Goiás”, frisa Otávio Filho.

Os presidentes e representantes das entidades que compõem o Fórum Empresarial de Goiás se reuniram nesta terça-feira (03/09) com a secretária estadual Cristiane Schmidt (Economia), que mostrou maior disposição para o diálogo. Schmidt voltou a reclamar das dificuldades financeiras no Estado e pediu que os líderes empresariais apresentem propostas para aumentar a arrecadação do governo.

Mas, a secretária da Economia disse que o governador Ronaldo Caiado vai persistir na estratégia de tentar aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, ainda que existam dificuldades de enquadrar o Estado nos quesitos necessários exigidos pelo governo federal e ainda há resistência da maioria dos deputados na Assembleia em aprovar as contrapartidas de Goiás para aderir ao RRF.

Novo Protege
Uma preocupação do setor produtivo é quanto à sinalização do governo estadual de prorrogar o novo Protege. O acordo, fechado no final do ano passado com o então governador eleito Ronaldo Caiado, era que vigorasse por 12 meses, encerrando em abril de 2020. Entretanto, interlocutores do governo acenam com a possibilidade de continuar esta cobrança por tempo indeterminado das empresas incentivadas em Goiás, para reforçar o caixa do Tesouro estadual em mais de R$ 700 milhões por ano.

“O novo Protege é, na prática, aumento da carga tributária em Goiás. É preciso ficar claro que os incentivos fiscais hoje no Estado correspondem, na realidade, a 53% do ICMS. Hoje estamos muito próximos do que é oferecido por Estados mais competitivos e que têm mercados consumidores maiores do que Goiás, como São Paulo e Paraná, por exemplo”, afirma Otávio Filho.

O presidente da Adial defende que qualquer mudança nos incentivos fiscais em Goiás deve ser precedida de amplo diálogo, não apenas com as empresas, mas também com os sindicatos e centrais dos trabalhadores e com os prefeitos de municípios goianos considerados polos industriais. “É preciso haver bom senso e responsabilidade. Não se pode politizar este assunto porque uma vez feito o estrago, todos vão perder. Será muito difícil reverter, depois, uma decisão empresarial de transferir parte ou a totalidade da produção, ou até mesmo a fábrica, para outro Estado”, enfatiza.

Empreender em Goiás

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