Dos 9 hospitais de campanha previstos para o combate ao coronavírus em Goiás, só 2 funcionam

Estruturas do interior aguardam reformas e equipamentos. Terceira unidade a encorpar rede para o atendimento de vítimas da Covid-19, HCamp de Águas Lindas deve funcionar a partir da próxima segunda-feira (1º)


Com previsão de nove hospitais estaduais de campanha para atender pacientes com Covid-19, apenas dois estão em funcionamento em Goiás: Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Coronavírus em Goiás (HCamp), em Goiânia e Hospital Regional de Luziânia (HRL), no Entorno do Distrito Federal (DF). A próxima unidade que se prepara para abrir as portas na próxima segunda-feira (1º) é o Hospital de Campanha de Águas Lindas de Goiás, que teve as obras concluídas há um mês, mas só foi repassado ao Estado pelo Governo Federal nesta segunda-feira (25). Os demais hospitais aguardam reformas ou entrega de respiradores. 

Os atendimentos do Hospital de Campanha de Águas Lindas de Goiás começam na próxima segunda-feira (1º). O anúncio foi feito pelo secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino durante visita à unidade na manhã desta segunda-feira (25). As atividades serão iniciadas com 200 leitos de internação que possuem acesso à rede de gases, o que permite que a transformação em leitos de UTI. Prefeito de Águas Lindas, Hildo do Candango (PTB) garantiu que logo que a unidade comece a funcionar, o município irá repassar três respiradores. Outros 10 devem ser encaminhados pela SES-GO. 

Abertura gradual 
O secretário de Estado da Saúde diz que existe um planejamento para montar as unidades de enfrentamento ao coronavírus de forma gradual. "Nós estamos seguindo o plano inicial de ação. Não é do dia para a noite que se monta um hospital e nem tem porque, hoje, fazer de forma atabalhoada, de forme que atropele os processos. Estamos fazendo algo estruturado, seguindo o planejamento para não ter problema depois com o Ministério Público ou Tribunal de Contas", afirmou. 

De acordo com Alexandrino, o prazo para a instalação depende da característica de cada hospital. "Cada qual tem uma modalidade. Um precisava de assumir a gestão, outro de fazer a estadualização, outro era a construção, outro de reforma", explicou.

Goiânia 
O HCamp de Goiânia foi o primeiro a iniciar os atendimentos, em 26 de março e desde então já atendeu 1.600 pacientes. Conforme dados divulgados pela Agir, Organização Social (OS) que gere a unidade, até o dia 20 de maio foram atendidas 766 (53,60%) pessoas de Goiânia e 663 (46,40%) pacientes do interior do Estado de Goiás. Atualmente, a unidade conta com 40 leitos de Unidades Semicríticas (enfermarias) e 22 leitos de Emergência/ Pronto-Socorro. 

No total, há respiradores nos 40 leitos das Unidades Críticas (UTIs) e também nos 4 leitos de estabilização da Sala Vermelha da Emergência. Portanto, há um total de 102 leitos no HCamp de Goiânia e, segundo a OS, 10 leitos de Unidades Críticas (UTIs) devem ser abertos nos próximos dias. A capacidade total é de 210 leitos, sendo 70 de UTIs e 140 de unidades semicríticas e de emergência. 

Luziânia 
O Hospital Regional de Luziânia (HRL), no Entorno do Distrito Federal (DF) abriu as portas no último dia 21 de maio e até o domingo (24), 70 pacientes receberam atendimento. O local começou a funcionar com 40 leitos, sendo 10 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e recebeu 11 ventiladores pulmonares recuperados pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). 

De acordo com o Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed), Organização Social (OS) que faz a gestão do hospital de Luziânia, logo no primeiro dia, 21 pessoas foram atendidas na unidade. Destas, 4 foram para a UTI, sendo três oriundas de Valparaíso, reguladas pela SES-GO. No sábado (23), foram 23 atendidos e 26 no domingo (24). No último boletim da unidade, os quatro pacientes continuavam na UTI. 

O HRL tem capacidade para até 20 leitos de UTI e o secretário de Estado de Saúde, Ismael Alexandrino chegou a anunciar que já havia adquirido 12 respiradores para a unidade. Somados aos equipamentos já entregues, o hospital utilizaria 20 unidades, deixaria dois de reserva e um para a chamada sala vermelha. De acordo com a OS, não há previsão de chegada de novos equipamentos, “até porque os que estão lá estão suprindo as necessidades”.

Porangatu 
No Hospital Municipal de Porangatu, que funcionará como Hospital de Campanha, a previsão é de 31 leitos de enfermaria e 24 de UTIs. De acordo com a secretária de Saúde da cidade, Carla Marques, o município já finalizou as obras de engenharia que eram necessárias bem como o suporte para oxigênio e o local está apto a funcionar. Nesta segunda-feira (25), cinco respiradores foram entregues pela SES-GO. Outras 40 camas que foram doadas ao Estado também serão encaminhadas para o hospital. No total, as UTIs serão equipadas com 16 respiradores oriundos de parceria com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), 5 cedidos pelo Estado e outros 3 que atualmente são do município. 

“Estamos finalizando as obras de uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) e até o próximo final de semana os pacientes que estão no Hospital Municipal serão transferidos para lá. Uma das UTIs será transferida para a Upa e as demais permanecerão no hospital. Estamos com 3 pacientes em observação, mas nenhum internado”, explica a secretária. 

Em Porangatu até o início da manhã desta segunda-feira (25), 23 casos de Covid-19 haviam sido confirmados e nenhum óbito. Os pacientes da cidade que precisaram de internação até o momento foram encaminhados para o Hospital de Campanha (Hcamp), em Goiânia e para o Hospital Estadual de Urgências de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Huana). Nesta segunda, segundo a secretária de Saúde de Porangatu, havia 2 internados na capital e 1 em Anápolis. 

São Luís de Montes Belos
O Hospital Dr. Geraldo Landó, no município de São Luís de Montes Belos, foi estadualizado pelo governador no último dia 16 de abril e a previsão é de que conte com 50 leitos, sendo 10 de UTIs. O local será gerenciado por Organização Social (OS) e, em nota, a SES-GO afirmou que está realizando os trâmites necessários para definir quem assumirá a gestão do local. 

Outras três unidades estão previstas: Formosa, com 70 leitos, sendo 10 de UTI; Jataí, com 120 leitos, sendo 30 de UTI; e o Centro de Convenções de Anápolis, que pode contar com 300 leitos e foi escolhido por ter uma boa estrutura que não está em funcionamento. Anápolis, no entanto, só deverá entrar em funcionamento caso haja necessidade. 

A Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc) vai administrar o HCamp de Jataí. Já o Instituto de Medicina e Diagnóstico (Imed) foi escolhido para gerir o HCamp de Formosa.

UTI em Itumbiara sem previsão 
Em Itumbiara, no Sul do Estado, o Hospital Regional funcionará na sede do Hospital e Maternidade São Marcos, que já foi repassado ao Estado. A previsão é de que o local conte com 30 leitos de UTI e 170 leitos semicríticos. A unidade de saúde havia decretado falência há cinco anos e estava fechada. Em abril foi estadualizada após ação movida pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE). A estrutura passou a integrar o projeto da rede de atendimento aos pacientes com o novo coronavírus (Covid-19) no período de enfrentamento à pandemia. 

O local será gerido pelo Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), Organização Social que já faz a gestão do Hospital de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo). O contrato tem duração de 180 dias. Neste período, o Estado pagará R$ 8,4 milhões por mês para todos os serviços, contratações e aparelhamento. O total do contrato é de R$ 50,7 milhões. Em nota, SES-GO afirmou que o contrato de gestão da Organização Social (OS) que realizará a gerência do Hospital Regional de Itumbiara foi outorgado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) na última sexta-feira (22).

Segundo a OS, as obras de arquitetura e adaptações físicas já começaram e se encontram em estágio avançado. Também foi aberto um processo seletivo para contratação de pessoal que trabalhará na unidade de saúde. Apesar disso, não há previsão de data de abertura. Prefeito da cidade, José Antônio (PTB) contesta a afirmação sobre as obras e afirma que “não foi realizada no local nenhuma obra envolvendo a estrutura física”. 

O prefeito diz que no último dia 18 de maio participou de uma reunião virtual com o Ronaldo Caiado (DEM) na qual o governador solicitou apoio para abertura do Hospital de Campanha. “Até o momento a prefeitura não foi sequer notificada sobre o cronograma ou plano de ação de abertura. Nosso desejo é que a abertura aconteça e me coloquei à disposição, mas ainda não sei como o município poderá ajudar”, completou.

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