Conheça o chef André Barros, representante de Rio Verde no Mestre do Sabor

Nascido no Sudoeste Goiano, participante do novo reality show atua à frente de um dos restaurantes mais reconhecidos de Goiânia, onde cria pratos e comanda uma equipe de mais de 20 pessoas


Quando trocou o Brasil pelos Estados Unidos, na década de 1990, André Barros era, literalmente, um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso. Não tinha parentes importantes e, ao entrar no avião, deixava para trás Rio Verde, no Sudoeste Goiano. Assim que chegou em Boston, arranjou um emprego como auxiliar de cozinha e não saiu mais de perto do fogão. Hoje, 25 anos depois, está à frente de um dos restaurantes mais reconhecidos da capital, onde cria pratos e comanda uma equipe de mais de 20 pessoas. Recentemente, embarcou em um novo desafio: é um dos 24 competidores do Mestre do Sabor, atração gastronômica da Globo.

 


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O novo reality show, exibido sempre às quintas-feiras, depois de A Dona do Pedaço (e reprisado às sextas, às 21h30, no GNT), é comandado pelo chef francês Claude Troisgros e seu fiel escudeiro, Batista. Além de dividirem a batuta do programa, que estreou dia 10, e cujos participantes já foram todos selecionados, a dupla ajudará na avaliação dos pratos da competição. Os 24 concorrentes, escolhidos em três noites de degustação às cegas, foram separados em três times e nas próximas semanas vão cozinhar sob a tutela de grandes nomes da gastronomia: a carioca Kátia Barbosa, o português José Avillez e o mineiro Leo Paixão. Quando apresentou seu prato, um bobó de camarão com baru e babaçu, os três chefs apertaram o botão verde para André, que optou por Leo.

“Eu já sabia que, se passasse, escolheria um chef brasileiro. Optei pelo Leo porque a cozinha mineira é muita parecida com a goiana, pela qual eu sou completamente apaixonado. Além disso, ele tem essa coisa do ‘uai, sô’ que me faz sentir em casa”, brinca André, ao garantir que, se depender dele, nas próximas semanas pratos da culinária goiana vão marcar presença nas panelas. Ao todo, a partir desta quinta-feira (31), serão quatro fases até a grande final, marcada para 26 de dezembro, que vai premiar o vencedor com R$ 250 mil. Cada etapa terá regras e dinâmicas diferentes, incluindo batalhas em grupos e provas no estilo mata-mata.

Hoje, os times se enfrentam em duas fases. Na primeira, batizada de Menu Confiança, cada equipe cozinha um menu completo que será julgado por Claude e Batista. Em seguida, os integrantes dos dois piores grupos se enfrentam, individualmente, na Batalha dos Cucas. Avillez, Kátia e Leo terão a missão de definir quais os dois chefs deixarão a competição. No time de Leo Paixão, eleito em 2016 um dos cozinheiros mais promissores do Brasil, além de André, estão o paulistano Diego Gimenez, o paraense Roberto Neves, a mineira Viviane Almeida, o gaúcho Ricardo Caldas, o catarinense Dudu Poerner e as paulistanas Raissa Ribeiro e Mariana Pelozio.

Que se chama amor
Foi o amor pela cozinha regional que trouxe André de volta ao Brasil, em 1998. Dos quatro anos que passou em Boston, trouxe uma formação prática de gastronomia. “Trabalhei em restaurantes bacanas. Aprendi técnicas valiosas, mas também percebi que não conhecia a minha própria cultura culinária. Quando cheguei, tive um choque de realidade. Ninguém fazia comida brasileira aqui. O chique, na época, era servir o que vinha de fora. Naquele momento, soube que queria ir no sentido contrário”, recorda-se. O plano deu certo e a goianidade tomou conta dos pratos de André, eleito, pela revista Veja, Chef do Ano em 2005 e 2008.

Aos 51 anos, dos quais 19 dedicados a comandar a cozinha do Country Clube de Goiás, André conta que o fator decisivo para aceitar o convite da Globo e enfrentar a superexposição de um reality show foi o tom leve da atração. “Apesar de ser uma verdadeira corrida contra o tempo, da cozinha estar posicionada entre quase 80 câmeras e de se tratar da TV Globo, o Claude (Troisgros) é muito gentil e os jurados, educadíssimos. Eles não depreciam as receitas ou denigrem os candidatos”, comenta o chef, que foi convidado pela produção do programa depois de um mapeamento feito pela própria emissora em diversos Estados brasileiros.

Criado na fazenda, o prato afetivo de André não poderia ser outro: frango caipira com milho verde, açafrão da terra, pimenta bode e bastante cheiro-verde. Contudo, para a fase Prato de Entrada, na qual José Avillez, Kátia Barbosa e Leo Paixão experimentaram a receita sem saber quem a elaborou, o chef preferiu preparar um bobó de camarão com castanha de baru e babaçu. “É um prato que faço há quase 20 anos. Para o reality, incrementei com o óleo de babaçu, que trouxe de uma viagem ao Tocantins, com dendê, da Bahia, farinha de Bragança, do Pará, e, é claro, castanha de baru. Não podia perder a oportunidade de colocar o Cerrado na receita”, brinca.

A regionalidade vem do passado. André cresceu cercado por mulheres que tinham “a mão boa” para a cozinha. Quando ainda era menino, adorava as pamonhadas de domingo, a preparação que antecedia a galinhada e as tardes regadas a café e bolo de fubá. Ao longo de sua trajetória profissional, o goiano passou a ser conhecido por defender os ingredientes locais e falar da gastronomia regional com empolgação de iniciante, mesmo depois de 25 anos de estrada. “É obrigação de um chef encabeçar esse movimento e botar uma lupa sobre o seu quintal. Abrir caminho para o pequeno produtor e mostrar que 70% do bom resultado de uma receita dependem da qualidade dos ingredientes”, defende. 

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